segunda-feira, 29 de junho de 2009
água que limpa o vidro
- Tanto faz pra você?
- Quê?
- A janela. Pra você, tanto faz?
- Tá te molhando?
- Não.
- Pra mim tanto faz...
- Pra mim também.
- Você tá com frio?
- Não, calor.
- Eu também.
- Vou deixar a janela aberta então.
- Eu prefiro.
- Eu também.
...às vezes esquecemos de tudo, ficamos destraídos, pensando em tudo, ou não pensando em nada.
apenas olhando...
olhando pela janela. Chovia naquele dia, além das gotas no vidro o mar estava passando. Tudo azul, quando não está tudo azul. Tem sentido uma janela fechada?
- Pra mim tanto faz.
Tanto faz? Não. A transparência da janela nos protege sem nos impedir de enxergar lá fora, enxergar o mundo. O silêncio causado pela janela fechada nos ajuda a esquecer de tudo, olhar no vazio do silêncio, esquecer do mundo quando estamos olhando para ele. Nosso reflexo no vidro nos faz lembrar o que somos para os outros, o que as pessoas vêem quando olham pra gente? Enxergar está ao lado da razão, precisamos ver pra crer. Ah,
cansei...
cansei...
cansei... de ver. Vamos abrir a janela? Não sei, estou sem guarda-chuva agora.
É porque às vezes não quero ter que crer, quero apenas sentir.
- Tanto faz pra você? ela falou.
Acho que não, adorei sentir o vento.
- Eu também.
- Vou deixar a janela aberta então.
- Eu prefiro.
Estou aqui fora agora. Preciso de um guarda-chuva...
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