sexta-feira, 6 de novembro de 2009
... e o vento
tempo tolo
o que o tempo irá dizer?
só ele poderá falar
não sei qual é a voz do tempo
ela muda o tempo todo
tempo tolo
fiz e faço e farei
quis em frangalhos e errei
sempre fui assim
nunca fui assim
quem me disse isso?
o tempo falou agora?
mas já me esqueci
me esqueço o tempo todo
tempo tolo
partido ao meio sem saber onde ir
metade indo e metade querendo vir
puxando e sendo puxado
o tempo todo
tempo tolo
me deixe aqui
me leve se quiser
mas nunca esqueça onde me encontrou
porque sempre que passar por aqui
vai saber de onde vim
o tempo todo
tempo tolo
o tempo muda o tempo todo
tempo tolo
sendo diferente a cada segundo
achando que consegue enganar o mundo
o tempo não irá dizer
ele já disse, ele fala sempre
o tempo não mente
que nem gente
ele diz, se não ouviu é porque não quis
ouça o que quer escutar
você tem tempo
e se cansar, vai pensar
poderia ter dominado o tempo
ter furtado o sempre
para sempre
para nunca
nunca mais ter que ser
o tempo todo
tempo
tolo.
sábado, 29 de agosto de 2009
or...
amor amador,
amor ameaçador,
amor enlouquecedor,
amor aquecedor,
amor acolhedor,
amor encantador,
amor cantor,
amor no televisor,
amor abridor,
amor traidor,
amor tipo trator,
amor esmagador,
amor de valor,
amor jogador,
amor com ardor,
amor de beija-flor,
amor para compor,
amor com flor,
amor abafador,
amor conspirador,
amor inspirador,
amor pirador,
amor progenitor,
amor defensor,
amor planador,
amor com teor,
amor aborrecedor,
amor bicolor,
amor colaborador,
amor ralador,
amor comovedor,
amor com clamor,
amor radiador,
amor locutor,
amor agasalhador,
amor doador,
amor morador,
amor não merecedor,
amor desconexo,
amor complexo,
amor carrasco,
amor avantajado,
amor exagerado,
amor desmedido,
amor fudido,
amor incompreendido,
amor perdido,
amor reencontrado,
amor tarado,
amor babado,
amor admirado,
amor constrangedor,
amor malfeitor,
amor com furor,
amor com vigor,
amor explendor,
amor com calor,
amor com dor,
amor no elevador,
amor no cobertor,
amor com edredon,
amor bom,
amor com,
bombom,
amor,
amor ...,
domingo, 2 de agosto de 2009
A tormenta.
Ontem. Zapiando os canais.
Holofotes e letreiro Fox, vai começar algum filme.
Decidi assistir o filme mesmo sem saber qual era, estava decidido.
"O Dia Depois de Amanhã". Já tinha visto. Ok, vou ver de novo. Novo.
As pessoas fazem coisas sem pensar. Não, elas pensam, mas não se importam. Basicamente é isso que acontece no filme. Aquecimento global causado pelas pessoas, que não pensam ou não se importam, e isso causa mudanças bruscas no clima do planeta, e elas próprias vivem as consequências.
Tormenta, poder destrutivo avassalador, incontestável.
Tormenta é como se fosse um furacão, mas não de vento, e sim de frio com ausência total de vento em seu centro. Uma gigantesca massa de ar frio em movimento centrífugo. Existe um centro, um núcleo, o olho da tormenta. Por onde passa o centro da tormenta tudo é congelado, o que é vivo e quente, congela e morre, instantaneamente. É tão frio, mas tão frio que as coisas sólidas, construídas, se congelam e quebram. As moléculas sentem tanto frio que se aproximam para se aquecerem, e isso rompe a estrutura. Vidros estouram, madeiras gritam com rangidos e os ferros se contorcem. Se você é um ser vivo, que depende de calor para seu coração continuar batendo, você não pode estar ali. Mas às vezes não há o que fazer, você é pego desprevenido. Quando se dá conta, o vento já cessou. Você olha rapidamente para o lado e não enxerga, não vê de onde vem. Não vem pelo lado, nem por trás e muito menos pela frente. A tormenta vem de cima. Rápida e impiedosa. Não adianta olhar, não se vê, se sente. Há pouco, a tormenta me pegou. Mas antes de ficar congelado, antes do coração parar de bater e do sangue parar de aquecer meu corpo, consegui olhar para dentro dela, eu estava no centro e olhei no olho dela, esperando ela me mostrar algo, qualquer coisa. É, realmente não se vê nada. Mas eu vi, olhei com tanta vontade que vi. Vi o frio, olhei nos olhos da tormenta e vi a frieza absoluta, em sua essência, em seu estado mais genuíno. Naquele momento pensei ser o fim, pensei estar perdido, acabado. Mas ela passou, e logo meu sangue voltou a circular e meu coração voltou a bater. Fui salvo. Salvo por um guarda-chuva. Um guarda-chuva invisível que não lembrava possuir. É verdade, o essencial é invisível aos olhos. O dia depois de amanhã sempre vem, sobreviva, ele vem.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Ítaca
Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado — não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria — nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.
Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes o quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.
(Konstantinos Kavafys / Tradução de Jorge de Sena)
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Les Jardins d’Eden
Sensacional,
se tivesse que definir em uma só palavra esse espetáculo, seria essa.
Vrummm... vruuuummmmmm.... vvvrrrruuuuummmmmmmmmmm!!!
Maravilhosa essa parte do espetáculo! Quem assistir vai entender...
Sabia que eu to cansada? Isso aqui cansa muito. Come logo essa maça!
Sinopse: "É um passeio poético e metafísico no palco, no ar e entre os dois. O espetáculo une técnicas circenses e coreográficas e questiona a felicidade evocando seu caráter efêmero. Transcorre sobre a felicidade individual e coletiva, construção de pessoas, complexidade das relações entre os seres e o despertar da consciência. As noções universais também ganham destaque, aparecendo como partes subjetivas de nossas vidas (tempo, atração, relatividade, ciclos...). Utilizando as técnicas de circo como um dos elementos dramatúrgicos e a imagem do círculo como figura emblemática e fascinante, o espetáculo exprime, sobretudo, comportamentos, onde os corpos se falam, se enfrentam, se encontram – e se batem ou se enlaçam."
Segundo e último dia hoje, 3 de Julho às 19h no Teatro Carlos Gomes.
Enfim, assistam!
Beijos
segunda-feira, 29 de junho de 2009
água que limpa o vidro
- Tanto faz pra você?
- Quê?
- A janela. Pra você, tanto faz?
- Tá te molhando?
- Não.
- Pra mim tanto faz...
- Pra mim também.
- Você tá com frio?
- Não, calor.
- Eu também.
- Vou deixar a janela aberta então.
- Eu prefiro.
- Eu também.
...às vezes esquecemos de tudo, ficamos destraídos, pensando em tudo, ou não pensando em nada.
apenas olhando...
olhando pela janela. Chovia naquele dia, além das gotas no vidro o mar estava passando. Tudo azul, quando não está tudo azul. Tem sentido uma janela fechada?
- Pra mim tanto faz.
Tanto faz? Não. A transparência da janela nos protege sem nos impedir de enxergar lá fora, enxergar o mundo. O silêncio causado pela janela fechada nos ajuda a esquecer de tudo, olhar no vazio do silêncio, esquecer do mundo quando estamos olhando para ele. Nosso reflexo no vidro nos faz lembrar o que somos para os outros, o que as pessoas vêem quando olham pra gente? Enxergar está ao lado da razão, precisamos ver pra crer. Ah,
cansei...
cansei...
cansei... de ver. Vamos abrir a janela? Não sei, estou sem guarda-chuva agora.
É porque às vezes não quero ter que crer, quero apenas sentir.
- Tanto faz pra você? ela falou.
Acho que não, adorei sentir o vento.
- Eu também.
- Vou deixar a janela aberta então.
- Eu prefiro.
Estou aqui fora agora. Preciso de um guarda-chuva...
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Brilho Eterno
Nos últimos tempos estou assistindo alguns filmes que não quis ver quando saíram, então vai rolar uma sequência básica de postagem aqui porque a lista de filmes atrasados é meio grande! hehe
Vou começar falando de um filme que achei muito bom, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança... Achei muito interessante a maneira como o filme é montado, aos pedaços, alguns faltando, alguns repetidos, alguns distorcidos... Imaginar que é possível esquecer alguém com um procedimento médico é curioso, será que já fiz isso!? Não lembro... hehe Será que descobriram a origem do "Deja vus", quem já teve um Deja vu sabe do que eu tô falando, não é só a lembrança daquilo ter acontecido, é a sensação que temos quando acontece, algo familiar, estranho, mas que naquele pequeno lapso queremos que aquilo não passe, que fique mais um pouquinho... acho que o filme fala disso, não de Deja vus, não, fala da aprendizagem, que faz parte, que temos que passar por isso, e mesmo que se esqueça, que não seja consciente, passamos por aquilo e o aprendizado fica, vivemos aquilo e nos modificamos, e talvez essa sensação gostosa do Deja vu seja isso, que "vivemos" num pequeno momento algo que já vivemos antes, sentimos saudade naquele pequeno lapso e não queremos que passe, mas passa e sentimos um conforto, de que sempre será assim, a vida passa, nós vivemos, aprendemos e no fundo gostamos que seja assim... estamos modificados, e acho que isso é o aprendizado da vida, isso é viver, as coisas boas e ruins passam, e continuamos ali, modificados e disponíveis pra vida...