domingo, 2 de agosto de 2009

A tormenta.



Ontem. Zapiando os canais.
Holofotes e letreiro Fox, vai começar algum filme.
Decidi assistir o filme mesmo sem saber qual era, estava decidido.
"O Dia Depois de Amanhã". Já tinha visto. Ok, vou ver de novo. Novo.
As pessoas fazem coisas sem pensar. Não, elas pensam, mas não se importam. Basicamente é isso que acontece no filme. Aquecimento global causado pelas pessoas, que não pensam ou não se importam, e isso causa mudanças bruscas no clima do planeta, e elas próprias vivem as consequências.
Tormenta, poder destrutivo avassalador, incontestável.
Tormenta é como se fosse um furacão, mas não de vento, e sim de frio com ausência total de vento em seu centro. Uma gigantesca massa de ar frio em movimento centrífugo. Existe um centro, um núcleo, o olho da tormenta. Por onde passa o centro da tormenta tudo é congelado, o que é vivo e quente, congela e morre, instantaneamente. É tão frio, mas tão frio que as coisas sólidas, construídas, se congelam e quebram. As moléculas sentem tanto frio que se aproximam para se aquecerem, e isso rompe a estrutura. Vidros estouram, madeiras gritam com rangidos e os ferros se contorcem. Se você é um ser vivo, que depende de calor para seu coração continuar batendo, você não pode estar ali. Mas às vezes não há o que fazer, você é pego desprevenido. Quando se dá conta, o vento já cessou. Você olha rapidamente para o lado e não enxerga, não vê de onde vem. Não vem pelo lado, nem por trás e muito menos pela frente. A tormenta vem de cima. Rápida e impiedosa. Não adianta olhar, não se vê, se sente. Há pouco, a tormenta me pegou. Mas antes de ficar congelado, antes do coração parar de bater e do sangue parar de aquecer meu corpo, consegui olhar para dentro dela, eu estava no centro e olhei no olho dela, esperando ela me mostrar algo, qualquer coisa. É, realmente não se vê nada. Mas eu vi, olhei com tanta vontade que vi. Vi o frio, olhei nos olhos da tormenta e vi a frieza absoluta, em sua essência, em seu estado mais genuíno. Naquele momento pensei ser o fim, pensei estar perdido, acabado. Mas ela passou, e logo meu sangue voltou a circular e meu coração voltou a bater. Fui salvo. Salvo por um guarda-chuva. Um guarda-chuva invisível que não lembrava possuir. É verdade, o essencial é invisível aos olhos. O dia depois de amanhã sempre vem, sobreviva, ele vem.

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